Mani + oca = mandioca

Quando aprendi sobre a indiazinha Mani na escola, nem imaginava que o tubérculo fosse um dia ser alvo de tanta curiosidade minha. Segundo a lenda, Mani nasceu numa tribo tupi e tinha pele branca e alva. A indiazinha trouxe muita alegria à tribo e espalhava luz por onde passava.

Porém, como toda lenda, do fim trágico emana a luz da esperança. Um dia, Mani ficou doente e o pajé da tribo fez tudo que pôde para salvá-la. Porém todos os rituais sabidos não foram suficientes e Mani se foi. No dia de sua morte, os pais resolveram enterrar a pequena na oca onde moravam. Eles regaram o local com água e muitas lágrimas de saudade da menina. Depois de alguns dias, nasceu ali, dentro da oca uma planta cuja raiz era marrom por fora e bem branquinha por dentro (da cor de Mani). Em homenagem a filha, a mãe deu o nome de Maniva à planta. Os índios passaram a usar a raiz da nova planta para fazer farinha e ela ganhou o nome de mandioca e continua sendo a base da alimentação indígena brasileira.

Minha mãe tinha verdadeira paixão por bolo de mandioca. Tratava-o como um iguaria e sempre reclamava do trabalho que dava pra ralar a mandioca. Quando fiz o passeio `a Zona Cerealista, descobri que vendem mandioca ralada, pronta para ser usada. Era o que eu precisava pra deixar a preguiça de lado e explorar melhor este tubérculo que faz tanto bem pra gente. Além de não conter glúten, a mandioca é fonte de sais minerais, como fósforo, ferro e cálcio, vitaminas C e do complexo B, óleos essenciais e proteínas.

Eu fui testando e desenvolvi esta receita. Não é muito doce, não contém glúten e já entrou no cardápio do chá da tarde.

Bolo de mandioca com cacau e damasco

Ingredientes

02 ovos

1/3 de xícara de óleo de canola

1/2 xícara de açúcar mascavo

01 colher de chá de extrato de baunilha

100 ml de leite de coco

1/3 de xícara de água morna

3/4 de xícara de cacau em pó

250 gr de mandioca ralada

1/2 xícara de farinha de linhaça (não contém glúten)

1/2 xícara de farinha de amêndoas

2 colheres de chá de fermento em pó

04 damascos grandes picados

02 colheres de sopa de semente de chia

Mandioca ralada

Preparo 

Pré-aqueça o forno em 180º e unte uma assadeira de bolo inglês (26X10cm). 

Misture os 7 primeiros ingredientes. Adicione a mandioca e as farinhas, mexer bem para não deixar grumos. Se necessário, soltar os grumos da mandioca com a mão antes de juntar a massa.

Misture a chia, o damasco e o fermento diluído em um pouco de água por último. 

Leve para assar por 50 min ou até que o palito saia limpo no teste do palito. Rende 16 pedaços.

Rótulo de comida, quem nunca guardou?

O bolo prestígio lá de casa veio de uma receitinha de lata de leite condensado. Como naquela época não tinha internet, as fontes de novidades eram os programas de TV (saudades da Ofélia) e os rótulos de produtos. Lembro de, na hora da compra, comparar os rótulos pra  não pegar receita repetida. Minha mãe, que sempre foi organizada, separava as receitas a serem testadas. O desafio era tirar a receita rasgar o rótulo. 

Rótulo de lata de Leite Moca. Segundo a data de validade rasgadinha no canto, fev 88. 

Bolo Prestígio

Ingredientes (Massa)

03 colheres (sopa) de manteiga + o suficiente para untar

02 xícaras de açúcar refinado 

03 gemas

03 colheres (sopa) chocolate em pó

01 xícara de leite temperatura ambiente

02 xícaras de farinha de trigo

01 colher (sopa) fermento em pó 

03 claras em neve

Preparo 

Comece pré aquecendo o forno a 180º e separando os ingredientes. Para a confeitaria, é importante que ovos, leite e manteiga estejam em temperatura ambiente. Conselho de amiga: siga esta dica ou não me venha reclamar que o bolo não vingou, hein?

Unte a assadeira e reserve. Bata as claras em neve e reserve também. Eu bato as claras em neve primeiro por um questão de sujar a vasilha da batedeira primeiro e apenas transferir as claras pra outra sem ter que lavar e secar a vasilha da batedeira. 

Comece então batendo a manteiga e o açúcar até ficar bem cremoso. Junte as gemas e o chocolate em pó. Adicione o leite aos poucos pra não fazer aquela lambança intercalando com a farinha. Desligue a batedeira e dissolva o fermento em pó em um pouquinho de agua. Se borbulhar, vá em frente. Se não acontecer nada, descarte este fermento porque seu poder de dar leveza a massa já era. 

  

Supondo que o fermento em pó está borbulhando alegremente, mexa-o devagar na massa. Acrescente metade das claras em neve e mexa vigorosamente. A outra metade, mexa bem levemente pra manter o ar. Coloque a massa na assadeira e leve ao forno por aproximadamente 40 minutos. Como o meu forno é diferente do seu, faça sempre o teste do palito.  

Bom, depois que você teve esse mínimo de trabalho é só enrolar em bolinhas e passar no que preferir. Pode ser chocolate granulado, amêndoas batidas, nozes, coco ralado. Use a criatividade.

Enquanto o bolo assa, prepare a cobertura.

Ingredientes (Cobertura)

01 lata de leite condensado

04 gemas

01 vidro de leite de coco pequeno

01 colher (café) de essência de baunilha 

1/2 xícara de coco ralado fresco ou 01 de coco ralado seco

Preparo 

Misture tudo e leve ao fogo em banho-maria mexendo até fique consistência cremosa. Isso vai ser mais ou menos em 30 minutos. Cubra o bolo ainda quente. 

 Eu sei que é mais fácil pular a etapa do banho-maria e tacar tudo na panela. Eu já fiz isso e me arrependi. A textura do cozimento lento é muito mais leve.  Sei também que é muito mais fácil não colocar as gemas mas eu também já passei por aí e voltei atrás. Se você gosta da combinação coco + chocolate, teste esta receita prepare-se pra repetir.

Meu bolo preferido

Um dia, não sei bem porque, estava contando pra uma amiga qual era meu bolo preferido. Lembrei de quando comi pela primeira vez um pedaço dessa delícia e não conseguia mais parar. Implorei para minha mãe pedir a receita e lá se foi ela copiá-la. Palavras tão simples, que combinadas, seriam o marco da minha infância. Eu tinha apenas 6 anos, mas me lembro da surpresa que senti ao morder o primeiro pedaço. Os olhos dela brilharam e me pediu a receita. Aqui vai!

Bolo Felpudo

Ingredientes

Para a massa

05 ovos   

2 xícaras de açúcar refinado

200gr de manteiga 

2 xícaras de farinha de trigo 

01 vidro pequeno de leite de coco

1/2 xícara de leite 

01 colher de sopa de fermento em pó 

Para a cobertura

2 xícaras de água

1 e 1/2 2 xícaras de açúcar

50 gr de coco ralado seco

Preparo 

Ligue o forno e pré aqueça em 180º. Unte uma assadeira de aproximadamente 33 x 25 cm.

Separe as gemas das claras e bata as últimas em neve. Reserve.

Na batedeira, coloque a manteiga, as gemas e o açúcar e bata até ficar bem cremoso e esbranquiçado. Desligue a batedeira e com uma espátula, mexa o fundo. Por mais potente e perfeita que seja sua batendeira, sempre vai ficar um fundinho de gema sem misturar direito. 

Ligue novamente a batedeira em velocidade de média pra baixa e acrescente o leite, a farinha e o leite de coco alternando, um e outro, até acabarem os ingredientes.

Acrescente o fermento em pó e misture as claras. 

Dica: 

Para as claras não perderem o todo o ar, misture 1/3 das claras em neve à massa misturando vigorosamente e os outros 2/3 bem lentamente. Em movimentos de baixo para cima até que o ar das claras tenha se misturado com a massa.

Despeje na assadeira e leve ao forno por aproximadamente 30 min e lembre-se. Faça sempre o teste do palito que eu já falei aqui.

Enquanto o bolo assa prepare a cobertura. 

Bolhas no ponto de calda em fio mole.

Coloque todos os ingredientes numa panelinha e leve ao fogo alto. Assim que levantar fervura, deixe a chama do fogão em um nível que o liquido borbulhe mas não suba na panela.  Ele ficará assim por mais ou menos 15 minutos. Mexa de vez em quando. Quando as borbulhas começarem a diminuir de tamanho, teste o ponto da calda levantando a colher. Para o ponto de fio mole, a calda tem que escorrer e não pingar da colher. Se você não faz ideia do que eu estou tentando explicar. Deixe o liquido reduzir a 1 terço e você já terá uma calda. 

Assim que o bolo sair do forno, despeje a calda ainda quente sobre ele. 

Esse é um daqueles bolos que fica mais gostoso quando está descansado. Então melhor fazer com pelo menos algumas horas de antecedência.

Preguiça às vezes é bom.

Eu assumo. Tenho preguiça. Preguiça de lavar louça é a número um da lista. Por isso, eu me sinto atraída por receitas que sujam pouca louça. Aqui no blog tem até um marcador #sujapoucalouça e quando me vi diante de um monte de pão amanhecido, quis fazer um pudim do jeito mais prático e sujando o mínimo de louça. 

Perguntei a receita pra minha mãe e ela começou dizendo que dava um trabalhão, que tinha que tirar a casca do pão e deixar de molho e amassar com a mão. Afe! Deu preguiça só de pensar. 

Não podia deixar aquele monte de pão virar farinha de rosca de novo. Me debrucei sobre o desafio e após 3 testes, cheguei a esta receita que, pra mim, foi a melhor de todas. Sem desperdício, prática e deliciosa. Um pudim de pão com cara de pudim de pão e gosto de doce da vovó.

Pudim de Pão de Preguiçoso

Ingredientes 

05 pães amanhecidos com casca  

01 xícara de açúcar para a massa

01 xícara de açúcar para a calda

04 ovos

01 litro de leite

01 colher de chá de extrato de baunilha

1/2 xícara de uvas- passas ou gotas de chocolate

Preparo 

Comece ligando o forno a 180º e preparando a assadeira. Eu usei uma redonda, simples de 23 cm de diâmetro por 8 cm de altura. Dá um pudinzão. Coloque o açúcar na assadeira e leve-a direto para o fogão numa chama média. Proteja sua mão com um luva  e dê sacodidas leves pra a calda ir se formando de um jeito uniforme. Não precisa mexer a calda. Assim que ela chegar no ponto de caramelo marrom claro. Está pronto. 

Ponto do caramelo: Marrom claro.

Bata os ovos, o leite, o açúcar e a baunilha no liquidificador e reserve. 

Esmigalhe os pães com as pontas dos dedos e vá acomodando na assadeira. Sobre a calda, intercale pão esmigalhado e as uvas passas. Por fim, despeje o líquido do liquidificador sobre os pães. Garanta que não fique nem um pedaço de pão seco. 

Leve para assar em banho-maria por 01 hora. Fique de olho para não deixar secar a água. Não é o fim do mundo mas se a água secar, o fundo da assadeira, onde está aquela calda deliciosa, secará também e o resultado final não será o mesmo. Fique atento também para completar a água sempre com água quente. 

Essa receita que rende um monte e suja apenas 2 vasilhas: a assadeira e o liquificador. Uma beleza de lanche ou sobremesa que me faz continuar segundo meus instintos. Ter preguiça às vezes é bom.  

Crianças na cozinha

Eu já contei que cresci na barra da saia da minha mãe. Pra encontrá-la no fim de semana era só ir na cozinha. Lá estava ela, sempre fazendo alguma gostosura no sábado à tarde. Toda semana ela fazia pão e sempre disse que fazer pão é a coisa mais fácil do mundo. Eu particularmente acho fácil, mas isso não significa que não dê um certo trabalhinho.

Nas incontáveis tardes de sábado que eu grudava nela, ela me pedia pra ajudá-la na cozinha. Eu não tenho a menor dúvida que a criança que fui me fez a adulta de hoje e ela foi a grande responsável por atiçar a curiosidade em mim. Por exemplo, quando a massa estava pronta e precisava descansar ela colocava uma bolinha de massa num copo com água e me dizia: "Quando a bolinha subir chama a mãe" e isso rendia 15 minutos ininterruptos da minha atenção, porque o legal pra mim não era ver a bolinha sobre a água, e sim o movimento dela emergindo. Eu corria e gritava a minha mãe pra começarmos a modelar os pãezinhos, essa era a parte que de fato eu ajudava.

Como éramos uma família de cinco pessoas e sempre alguém aparecia no fim de semana, a receita era sempre dobrada e fazer mini pães tomaria muito tempo. Então, minha mãe modelava pães grandes e fazia três patinhos de massa, um pra cada filho. Ela deixava eu "enrolar" a tira que ia virar o pato, depois ela dava o nó e eu furava os olhinhos e fazia o rabinhos e as asas. Essa brincadeira nos ocupava a tarde inteira porque era tempo de amassar, esperar crescer, amassar e modelar, esperar crescer de novo, assar e deixar esfriar um pouco porque minha ela não deixava a gente comer o pão super quente.

Os filhos cresceram e a mãe carinhosa se tornou uma vó cheia de manha com os netos. Estava no fim de semana com ela quando veio a voz da cozinha: "Matheus, vamos fazer pão?" O desenho animado que assistíamos ficou imediatamente desinteressante e ele pulou do sofá rumo à cozinha. Foi lindo ver o mesmo ritual e a curiosidade que a transformação da comida causa nas crianças.

Dessa vez a tia ajudou e ao invés de patinhos, fizemos coelhinhos que eu tinha visto aqui na época da Páscoa. A Páscoa passou mas a ideia ficou. É muito fácil mas meus coelhinhos ficaram mais para gatinhos :) Se eu tivesse visto este passo-a-passo aqui eles teriam ficado mais coelhudos. 

O que importa é que a brincadeira rendeu. Eles ganharam nomes, cada um. Jack, Harry, Minie, Lili ... e todos eram amigos como no Backyardigans e foram procurar o tesouro que estava no quintal e de repente os piratas apareceram ...

Pão Caseiro 

Ingredientes

02 copos de leite morno
30 gr de fermento biológico
02 ovos inteiros
01 xícara (chá) de açúcar
1/2 xícara (chá) de óleo
02 colheres (sopa) de manteiga
01 pitada de sal
Aproximadamente 01 kilo de farinha de trigo

Preparo

Separe 200 gr da farinha de trigo e disponha o restante sobre uma superfície lisa. Pode ser uma pedra de mármore, mesa de madeira ou formica. Se não tiver pode ser uma tigela grande.

Faça um montinho com a farinha e uma cova no centro. Coloque o fermento, o açúcar, o sal, os ovos, o óleo, a manteiga e 1/2 xícara do leite, mexa um pouco até formar uma massinha mole (esponja) e comece a trabalhar a massa de dentro para fora acrescentando leite a medida q farinha absorva a umidade.

Acrescente o leite aos poucos pois dependendo da umidade do ar e da farinha você pode precisar de mais ou menos leite. E mais ou menos farinha. Sove a massa até ficar lisa, macia e soltando das mãos. Cubra com um pano de deixe descansando em um local onde não tenha corrente de vento. Se sua cozinha for muito arejada, transfira a massa para uma tigela e cubra. Há quem coloque dentro do forno. Minha mãe geralmente observa o dia e se estiver muito calor, todas as janelas da casa estarão abertas, então ela leva a tigela pra o quarto e deixa lá até a massa dobrar de tamanho.

Retorne a massa a superfície e aperte-a um pouco para tirar o ar. Faça um rolo e corte em rodelas iguais. Modele os pãezinhos fazendo bolinhas, patinhos e coelhinhos e distribua numa assadeira.

Chame as crianças para verem a mágica da bolinha.

E aqui vem o segredo da bolinha na água:

Quando estiver no último pãozinho a ser modelado, dê um beliscão nele e separe uma bolinha de massa crua. Coloque-a em um copo com água e cubra os pães com um pano deixando-os descansar. Aqui você já pode ligar o forno em 180º C e chamar a criançada pra cuidar da bolinha.

Quando ela subir, asse-os por 35 a 40 minutos aproximadamente ou até que estejam dourados.

Tomilho-limão ou tomilho com limão? Tanto faz!

Eu vi esta receita há bastante tempo. Tanto que meu pezinho de tomilho-limão não agüentou esperar e se foi. Então eu adaptei um pouco e consegui um bolinho macio e deliciosamente aromático. Perfeito pra uma tarde de outono.

Pound Cake de Tomilho e limão

Receita adaptada daqui.

Ingredientes

270 gr de manteiga sem açúcar em temperatura ambiente e mais um pouco para untar as formas
1 e 1/2 xícara de farinha de trigo peneirada e mais um pouco para untar as formas
12 raminhos de tomilho limão (eu usei tomilho comum) e mais um pouco para as formas
Raspas de um limão siciliano (aprox. 2 colheres de sopa) e mais um pouco para as formas
1 e 1/4 xícara de açúcar refinado
1/2 colher de chá de sal
1/2 colher de chá de extrato de baunilha
6 ovos inteiros em temperatura ambiente

Preparo
 
Pré aqueça o forno em 180º C. Unte com manteiga e farinha as forminhas de cupcake. Para forminhas médias, rende 16 unidades. Importante não ter excesso de farinha para não criar uma crosta no fundo.
Salpique tomilho e raspas de limão, elas ficarão aparentes ao desenformar os bolinhos. Reserve.

Em uma tigela, misture a farinha com as folhas de tomilho, sal e  reserve.

Na batedeira, coloque a manteiga em temperatura ambiente e bata em velocidade média até ficar fofa. Mexendo as laterais e o fundo de vez em quando. Acrescente o açúcar, 1 colherada por vez e continue batendo por aprox. 3 minutos.

Diminua a velocidade e acrescente as raspas de limão, a baunilha, e os ovos, um a um intercalando com a mistura de farinha, que deve ser em colheradas também. Mexa o fundo da massa com uma espátula para garantir que não há grumos no fundo da vasilha ou nas laterais.

Distribua a massa nas formas já preparadas. Dê batidinhas de leve no fundo da forma para a massa assentar e eliminar qualquer bolha que tenha formado.  Leve para assar por aproximadamente 25 minutos e faça o teste do palito.

Deixe descansando sobre a grade do fogão por 10 minutos. Passe uma faca ao redor dos bolinhos para soltá-los e desenforme.

Esses 10 minutos são quase impossíveis de se esperar porque a esta altura, o cheiro de tomilho, limão e baunilha invadiram a casa inteira. É claro que não aguentei esperar mas salvei alguns pra foto.

Se você se inspirou com esta combinação inusitada, saiba que esta massa pode ser aromatizada com praticamente qualquer coisa. Cuidado apenas com sucos e oleaginosas pois eles podem desandar a massa. Licores e ervas são perfeitos!

Simples e sempre bom

Eu faço esse bolo há anos. Desde quando eu morava em Bogotá e ligava pra minha mãe pra pedir receitas disso e daquilo. Desde então eu vivo perdendo esta receita e tive que ligar mais uma vez, e ela, na paciência materna me pediu uns minutinhos pra procurar e me ligar de volta.

Tá aí, o bolo simples e perfeito pra acompanhar uma xícara de chá. Claro que prometi nunca mais perder esta receita e agradeci mil vezes mas mãe é mãe ela sempre vai ficar feliz em repetir pela vigésima vez.

Bolo de iogurte

1 copo de iogurte natural
1/2 copo de óleo vegetal
2 copos de açúcar refinado
2 copos de farinha de trigo
4 ovos
1 colher de sopa de fermento em pó

Modo de Preparo: Bata tudo no liquidificador e despeje numa forma de buraco no meio untada e enfarinhada.

Asse em forno pré-aquecido a 180º por 40 minutos.

Dica: use o próprio copo do iogurte para medir os ingredientes, primeiro os líquidos. Lave e seque o copo e depois, meça os secos.

Minha experiência: como a massa é densa, misture bem o fermento em pó para não ficar bolhas na massa. Se preferir, faça isso numa tigela separada.

A receita diz: forma com buraco no meio. Eu sempre fiz assim e ficou ótimo, dessa vez eu tentei a forma de pão de forma e as bordas ficaram um pouco ressecadas.
o mesmo vale para a parte de enfarinhar. Eu usei açúcar ao invés de farinha e criou uma casquinha em volta do bolo.

Lição aprendida. Sempre seguir a receita, afinal, ela está lá por alguma razão.

Bolo de revista

Sempre tive um pé atrás com receita de revista. Não sei explicar bem o porquê mas as fotos sempre são lindas e bem produzidas e as receitas demasiadas sucintas e bem diagramadas. Quem trabalha com mercado editorial sabe que muitas vezes o texto é sacrificado em função da forma, bonita encaixadinha. Não poderia ser diferente para revistas de gastronomia se não fosse o detalhe que o modo de fazer é tão importante quanto a lista de ingredientes. Minha amiga Letícia diz que pessoas que escrevem bem as receitas com todas as dicas são generosas. Definitivamente as revistas são não generosas e, apesar de comprar muitas, porque sou completamente seduzida pelas fotos e ideias inusitadas de combinações, eu raramente testo alguma receita. 

Dessa vez foi igual a muitas outras, fiquei apaixonada pela capa (a foto é linda mesmo, não é?), levei a revista pra casa, li tudo e fiquei ensaiando fazer o bolo da “Páscoa `a brasileira”, como dizia o título. Era uma lista grande de ingredientes mas parecia ser impossível dar errado. Imagina, amêndoas, castanha-do-pará, chocolate, mais chocolate e canela?

Dizem que devemos ler a receita 3 vezes antes de executá-la para sermos capazes de organizar mentalmente o trabalho, eu li umas 20. Cada vez que tentava fazer descobria que faltava algum ingrediente e desistia. Da última vez até a bateria da balança acabou e lá se foi mais uma semana de espera.

Por esses e outros imprevisto a receita da Páscoa acabou saindo só em maio mas valeu a pena. O bolo é único. Sabor e texturas maravilhosos. Vou repetir muitas vezes!

Pra começar, todos os ingredientes são pesados e isso pra mim é novidade. Estamos sempre acostumados a medir em xícaras e colheres mas foi simples, só sujei umas tigelinhas a mais.

Bolo de chocolate com castanha-do-pará

250 g de açúcar demerara (orgânico)
100 g de açúcar mascavo
270 g de manteiga em temperatura ambiente
70 g de farinha de amêndoas
350 g de ovos inteiros
225 g de creme de leite fresco
60 g de cacau em pó
270 g de farinha de trigo
6 g de fermento em pó
10 g de canela em pó
150 g de gotas de chocolate 70%
250 g de castanha do pará picadas

Em uma batedeira, coloque os açúcares, a manteiga e a farinha de amêndoas e bata para misturar e formar a base da massa. Acrescente os ovos e o creme de leite e bata novamente. Peneire o cacau, a farinha de trigo, o fermento e adicione mais uma vez `a massa, batendo tudo até misturar bem. Por último, fora da batedeira, acrescente as castanhas e as gotas de chocolate. Coloque em uma forma de tamanho médio e asse a 190º por 30 minutos, depois reduza o forno para 170º e asse por mais 30 minutos.

Espere esfriar, desenforme e polvilhe açúcar de confeiteiro e cacau para servir.

Minhas considerações:

A farinha de amêndoas parece um detalhe mas é essencial dar textura e aroma ao bolo. Se você não encontrar na sua cidade, pode moer no pilão ou no processador amêndoas sem pele. Eu mesmo morando em São Paulo tive dificuldade.
 
Toda vez que for usar ovos para confeitaria, eles deve estar em temperatura ambiente. Se costuma guardá-los na geladeira, retire-os uns minutinhos antes para que eles possam emulsionar como a receita precisa. Cada ovo pesa em média 60 g. Eu usei 6 ovos tipo A e rendeu um bolo bem grande.

A forma média transbordaria, então eu dividi em 2 formas. Eu usei apenas 8 g de canela por achar que esta especiaria deve apenas compor o sabor e não dominá-lo.

Sobre a receita de revista: o passo a passo de fato teve algumas palavras engolidas mas acho que de um modo geral o resultado não foi prejudicado.

Acho que agora que tenho um pouco mais de experiência com as bases e os princípios da cozinha ficarei mais confortável. Algumas coisas só tempo traz. Deixem as editoras continuarem a fazer páginas lindas e diagramadas enquanto os blogs e sua generosidade  fazem o trabalho de explicar tudo em detalhes.

Cupcakes. A saga continua.

Quando contei pra minha amiga Lia o meu desafio de fazer cupcakes incríveis ela imediatamente sacou um livro da Magnolia Bakery que ela havia comprado simplesmente porque eram os seus favoritos no mundo e me mostrou o de baunilha que é o mais tradicional.

Eu mais que animada testei a receita, que deu muito certo, e depois encomendei o livro pra mim.

O cupcake de baunilha é realmente uma delícia e o cheiro dele no forno deixa qualquer vizinho enlouquecido.

Magnolia's Vanilla Cupcakes

1 e 1/2 xícara de farinha de trigo com fermento
1 e 1/4 xícara de farinha de trigo comum
1 xícara de manteiga sem sal e em tempreatura ambiente, macia.
2 xícaras de açúcar
4 ovos grandes
1 xícara de leite
1 colher de chá de essência de baunilha

Pré aqueça o forno em 185º C. Distribua as forminhas de papel na forma de alúmio ou silicone. Misture os secos e separe.

Ligue a batedeira na velocidade média e acrescente a manteiga, bata até ficar bem fofa. Depois acrescente o açúcar e bata por mais 3 minutos. Adicione os ovos, um a um e deixe bater para se misture bem.
Sem deixar de bater, adicione a mistura de ingredientes secos intercalando com o leite e a baunilha até tudo ficar bem misturado e lindo.

Encha as forminhas até 3/4 da capacidade. Asse por 20 minutos ou até que, ao enfiar um palito, ele saia seco.


Vanilla Buttercream 

1 xícara de manteiga sem sal temperatura ambiente
1/2 xícara de leite
1 colheres de baunilha
6 a 8 xícara de açúcar de confeiteiro

Coloque a manteiga, 4 xícara de açúcar na batedeira e o leite e bata por 4 minutos até ficar bem cremoso. Gradualmente, adicone 1 xícara de açúcar, 1 por vez e continue batendo até que alcance a consistencia que dê para espalhar com a espatula.

Essa cobertura por se guardada por 3 dias.
 

Carinho de amiga

Depois do almoço, a Cy serviu essa torta simples e delicionsa de banana. Com sorvete ficou mais que perfeita!

Torta de banana facinha

1 dúzia de banana madura

10 colheres de sopa de farinha de trigo

10 colheres de sopa de açúcar

100 gr de manteiga cortada em cubinhos

1 colher de fermento em pó

2 ovos

Canela para polvilhar

Misture o açúcar, a farinha e o fermento.

Unte a forma. Alterne camadas de banana, mistura e manteiga.

A última camada deve ser de banana. Misturar os ovos sem bater e despejar sobre a camada de bananas.

Por último, polvilhar canela e levar ao forno até o cheiro de canela invadir sua casa.

Mais ou menos 30 min de forno médio.

Sou brasileira

E não desisto nunca. A segunda fornada de Cup de lavanda saíram perfumados, deliciosos e horrorosos. Vou dar um tempo e volto `a saga dos cups cakes.

Regras são regras

Sabe aquela regra básica da cozinha de organizar e separar todos os ingredientes antes de começar a cozinhar?

Há quem consiga viver sem ela mas domingo eu tentei e não consegui.

Quem diz que pra toda regra há uma exceção, acho que na cozinha talvez a única seja um omelete ou talvez nem isso.

Eu estava há meses intrigada com um tal de Cup cake de lavanda da Valentina. Nunca tinha visto lavanda na comida e milhões de nuvens passaram pela minha cabeça, será que tem gosto de perfume? Vou me senti comendo um sabonete? Quem foi o maluco que pôs lavanda na comida?

Enfim, depois de uma longa espera afinal na Colômbia não encontrei a bendita e só uma visita ao Mercadão de São paulo me fez trazer esse ingrediente tão refinado e perfumado pra minha dispensa.

Comecei seguindo a receita, bati o açúcar com a lavanda e peneirei. Depois vieram a farinha, o fermento, juntei ovos, e o problema começou com a manteiga que era temperatura ambiente e como a temperatura ambiente de Bogotá é de quase sempre 15º não há manteiga que amoleça assim. Como a massa ficou cheia de grumos, tive que acudir por mixer e quando massa ficou lisa, percebi que podia ter arruinado tudo. Onde já se viu bater fermento? Como se já não bastasse, depois vieram as forminhas que esqueci de preparar, o forno estava pré aquecido, pelo menos.

Passada a confusão na cozinha e de um desespero momentâneo, os cap cakes sairam do forno, não teve salvação, eles ficaram bem feios, não sei o que acontenceu - porque no mei de tanto desastre, dificil identificar qual a falha - eles ficaram com um buraco no meio. E pra finalizar, a cobertura que era para ser um lilás bebê, ficou roxa, bem hallowen mesmo.

A cara dos pobres não ficou digna de foto mas o sabor compensou, é realmente muito chique e tem um aroma que apesar de suave domina o paladar e todos hemisférios da língua. Prometo que no próximo fim de semana eles vão estar de volta a minha cozinha, mas dessa vez , bem organizados e por fim, lindos.

Integral sim, insosso não

Acho que eu sou umas das poucas pessoas que conheço que gosta de pão integral. É, gosto mesmo. Em parte porque me acostumei a comêr-lo, mas gosto de verdade.

O fato é que para mim, todos os pães de forma integral parecem velhos. Sabe? Feitos há não sei quanto tempo e colocado lá naquele saco plástico pra gente comer. E todo mundo sabe que não tem nada melhor que um pão saído do forno, quentinho, integral ou não.

Por isso ultimamente eu ando pesquisando receitas de pão integral e achei essa no Cybercook. Aprovadíssima. Enquanto eu escrevo, a casa ainda está repleta do aroma que só um pãozinho no forno tem.

Pão integral

- 1 tablete de fermento biológico fresco (eu usei 02 colheres de sopa do fermento seco)
- 1 colher (sopa) de mel
- 1 xícara (chá) de leite desnatado
- 1 xícara (chá) de óleo de canola
- 1 colher (chá) de sal
- 2 xícaras (chá) de farinha integral
- 1 xícara (chá) de aveia em flocos
- mais ou menos 2 xícara (chá) de farinha de trigo

Dissolva o fermento com o mel e o leite morno. Adicione o óleo, a farinha de trigo integral, a aveia e o sal e vá colocando a farinha de trigo e mexendo até formar uma massa firme. Sove bem sobre uma superfície enfarinhada. Coloque em uma tigela untada, cubra e deixe crescer por cerca de 1 hora ou até dobrar o volume. Torne a sovar a massa e coloque em 2 formas de bolo inglês médias untadas ou faça 2 filões e coloque em uma assadeira ou divida a massa em 8 partes iguais e faça bolinhas. Deixe crescer mais 20 minutos e asse em forno médio baixo, pré-aquecido, por cerca de 40 minutos. Os últimos 10 min podem ser com o tostador superior ligado.
Ah, e sempre que assar pão, não se esqueça da regra nº 1, coma uma pedaço quentinho com manteiga.

Cenoura nada light

Acho que essa era a única maneira que eu comia cenoura quando era criança. Eu não caía naquela história do coelho não, se ele comia cenoura crua, era porque devia ter algum problema na cabeça. Esse também era o lanche preferido das tardes de sábado. Como naquela época os fornos eram grandes então minha mãe sempre fazia sempre dois bolos, esse e o de cholocate que depois eu ponho a receita aqui.


Bolo de cenoura

02 cenouras médias picadas
01 xícara de óleo de milho ou girassol
04 ovos inteiros
02 xícaras de açúcar
02 xícaras de farinha de trigo
01 colher de sopa de fermento em pó

Bata no liquidificador as cenouras, o óleo e os ovos até obter uma mistura bem homogênea. Numa tigela misture o açúcar, a farinha e o fermento. Como essa massa é bem espessa dá pra variar o tipo de forma, pode ser a tradicional retangular, aquela com furo no meio ou de muffin. Escolha a forma, unte com manteiga e asse em forno pré aquecido 180º por mais ou menos 40 minutos, até que o palito saia limpo.

Cobertura

04 colheres de sopa de leite
08 colheres de sopa de açúcar
04 colheres de sopa de chocolate em pó
02 colheres de sopa de manteiga

Levar ao fogo mexendo até formar uma calda meio grossinha. Se você quiser que a cobertura penetre na parte superior do bolo e fique com aquela capinha crocante deliciosa de açúcar quando esfriar, coloque-a sobre o bolo ainda quente.

Frrrrrio?

Em Bogotá 16˚ com sensação de 12˚. Por favor uma xícara de chá de amareto bem quente. Pra acompanhar?

Bolo de maçã com especiarias

Para a massa:
1/2 xícara de óleo vegetal
1/2 xícara de açúcar comum
1/3 xícara de açúcar morena
1 ovo gde inteiro
2 colheres de sopa de essência de baunilha
1 xícara de applesauce sem açúcar
1 e 2/3 xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
3/4 colher de chá de bicarbonato
1/2 colher de chá de noz moscada
1/2 colher de chá de gengibre em pó

Misturar tudo nessa ordem, primeiro os molhados depois os secos (peneirados).
Se não encontrar o applesauce para comprar, tem uma receita aqui.

Para a farofa:
1/2 xícara de açúcar morena*
2 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de chá de canela em pó
2 colheres de sopa de manteiga sem sal derretida
1 xícara de nozes ou avelãs levemente tostadas e picadas
Misturar tudo nessa ordem e separar.

Montagem:
Numa forma de bolo inglês untada e com papel manteiga colocar metade da massa, metade da farofa, o resto da massa e salpicar o resto da farofa por cima. Assar em forno pré aquecido a 180˚ por 40” ou até que o palito saia limpo. Deixar descansar 20” antes de desenformar.

Eu confesso que quando vi a Anna Olson fazendo essa receita fiquei com o pezinho atrás. Applesauce? Onde eu vou encontrar isso aqui na Colômbia? Bolo com um ovo só? Que maluquice!
Mas a cara dele ficou tão boa que me convenceu. Esse valeu muito a pena, espero que vocês experimentem também.


* Açúcar morena é o nosso açúcar mascavo na Colômbia.